segunda-feira, 30 de setembro de 2013

INTERNOS FAZEM REBELIÃO NO CENTRO DE ATENDIMENTO AO MENOR EM ARACAJU. BATALHÃO DE CHOQUE É ACIONADO PARA CONTER OS REBELADOS.

Jovens denunciam que são vítimas de espancamento. 
Eles atearam fogo em colchões, depredaram salas e chegaram ao portão.

Adolescentes atearam fogo em colchões e chegaram até o portão do Centro de Atendimento ao Menor em Aracaju (Foto: Magna Santana/Arquivo Pessoal)

Adolescentes internos do Centro de Atendimento ao Menor, na Zona Oeste de Aracaju (SE), se rebelaram no início da manhã desta segunda-feira (30). De acordo com a polícia, alguns conseguiram fugir. Eles circularam livremente pelas dependências do prédio e alguns jovens conseguiram chegar ao telhado da unidade. Segundo informações da Fundação Renascer, que administra a instituição, o número reduzido de agentes em decorrência da greve pode ter contribuído para a rebelião.

Os internos atearam fogo em colchões e em diversos materiais, bem como incendiaram as instalações dos agentes de segurança e medidas socioeducativas. Por volta das 8h30 da manhã eles conseguiram chegar aos portões e conversaram com a imprensa. Os jovens alegaram estar sendo vítimas de sessões de torturas e espancamentos em uma sala escura, chamada por eles de ‘caverna’. No sábado (28), dois adolescentes conseguiram fugir durante um princípio de rebelião, que ocorreu também como protesto às agressões.

De acordo com a assessora da Secretaria de Estado da Inclusão, Assistência e Desenvolvimento Social, Joyce Peixoto, a denúncia foi feita pelos jovens ao órgão na sexta-feira (27). “Temos uma reunião com a Defensoria Pública e membros do Ministério Público nesta segunda-feira para debater as denúncias e iniciar as investigações. Na sexta-feira, os adolescentes denunciaram os espancamentos e nós iremos investigar o caso para comprovar se isso realmente está ocorrendo. Temos outra situação preocupante na unidade, que se refere à permanência de adolescentes de baixa periculosidade, que estão internados e convivem com outros de alta periculosidade, e isso nós não podemos permitir”, disse.

Segundo a Fundação Renascer, nesta segunda, a princípio, apenas dois agentes de segurança e medidas socioeducativas estavam de plantão. Isso porque, outros que estavam na escala de trabalho apresentaram atestado médico e não compareceram ao trabalho. Além desse fato, a greve dos agentes iniciada há doze dias, também contribuiu para a rebelião.

Policiais do Batalhão de Choque entraram no Cenam por volta das 8h30 (Foto: Magna Santana/Arquivo Pessoal)

A polícia foi acionada e por volta das 8h25 homens do Batalhão de Choque, comandados pelo major Calos Rolemberg, chegaram ao local e após uma rápida reunião, entraram no prédio. O comandante do Policiamento da Capital, coronel Jackson Nascimento, chegou à unidade após cerca de dez minutos e informou que havia um jovem ferido por objeto cortante. “A situação do Cenam se agrava a cada dia, chegou ao caos, podemos dizer. Quero deixar claro, que não é competência da Polícia Militar controlar situações como esta, que chegou definitivamente ao limite. Precisamos buscar soluções para resolver o problema. Os órgãos competentes devem se reunir para debater a situação e assim encontrar caminhos para resolvê-la”, afirmou.

Uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi acionada e chegou ao Cenam por volta das 8h45. O helicóptero do Grupamento Tático Aéreo (GTA) também foi acionado, pois havia a informação de que o adolescente ferido estava em estado grave e teria que ser removido até o hospital com extrema urgência. Porém, depois de alguns minutos, a vítima, que estava bastante ensanguentada, saiu andando com a ajuda dos socorristas e foi removida de ambulância até o Hospital de Urgência de Sergipe (HUSE), nas proximidades da unidade, na Avenida Tancredo Neves.

A situação foi controlada pela polícia por volta das 9h. Segundo o coronel Jackson Nascimento, muita destruição na área interna da instituição. “Todas as alas e espaços de convivência dos internos foram deteriorados pelos adolescentes”, disse.

Fonte:  G1 Sergipe (Denise Gomes)

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