sexta-feira, 4 de julho de 2008

Sargento do Batalhão de Choque resgata vítimas de acidente automobilístico

Na madrugada do dia 24 de junho, um veículo Gol colidiu frontalmente com um Fiat, utilizado como táxi lotação, na Avenida José Conrado de Araújo, no bairro Industrial, Zona Norte da capital. O acidente fez com que o Gol fosse arremessado para dentro de um canal, ficando com o teto para baixo e parcialmente submerso. O veículo era ocupado por cinco pessoas, sendo que quatro ficaram impossibilitadas de sair do carro em decorrência da posição em que ele ficou após capotar. A situação era tensa, muitas pessoas que presenciavam o acidente tinham receio de entrar no canal para resgatar as vítimas restantes em função do alto grau de contaminação do local e do risco de contrair diversas doenças. Foi quando passavam pelas imediações o 3º sargento PM Edmilson dos Santos Feitosa e o soldado PM Gilvan de Jesus, que retornavam para suas respectivas residências, após saírem de serviço na Orla de Atalaia. Ao perceberem a aglomeração de pessoas acenando em direção ao canal, os militares se dirigiram até elas para constatar o que estava ocorrendo. Alguns transeuntes informaram sobre o acidente e as pessoas que ainda estavam presas dentro do carro. Imediatamente o sargento Feitosa passou a pistola e o aparelho celular para o colega de farda e se dirigiu ao ponto onde o veículo estava. Ele confirmou a presença de ocupantes presos dentro do automóvel. “Embora estivessem conscientes eles estavam em pânico, pois não conseguiam sair e o carro estava ficando quase que submerso devido a grande quantidade de água de chuva", afirmou o sargento. Segundo ele, até o momento em que entrou no canal as pessoas estavam receosas, mas vendo o policial militar em ação tentando salvar as vítimas, outras pessoas ganharam ânimo e pularam na vala para colaborar com o resgate. Com essa ajuda extra, a equipe de voluntários, coordenada pelo graduado da PM, conseguiu colocar o automóvel em posição lateral, facilitando o escoamento da água e agilizando a retirada das vítimas.A primeira a ser retirada foi uma senhora de 45 anos, identificada como Gileide Modesto dos Santos. Em estado de choque ela insistentemente perguntava pela filha. “Tentei acalmá-la e perguntei quantas pessoas ainda estavam dentro do veículo e ela respondeu que ainda havia três ocupantes. Após receber essa informação solicitei a ajuda de mais duas pessoas para tentar desemborcar o carro”, disse o praça. A filha da senhora Gileide, uma adolescente de 13 anos, foi resgatada desacordada e levada para um lugar seguro onde, juntamente com os demais acidentados, ficou aguardando a chegada do SAMU. Enquanto esperava o resgate, o policial militar percebeu que uma das vítimas estava com o olho esquerdo perfurado e saindo um líquido. Percebendo que a demora pelo atendimento emergencial poderia gerar um grave problema de saúde às vítimas, o sargento Feitosa se dirigiu à pista, parou um veículo de passeio e solicitou que o condutor levasse as pessoas ao HUSE (Hospital de Urgência de Sergipe).Para o sargento Feitosa, o ato de salvar aquelas pessoas dentro de um canal não é novidade. O militar já havia realizado salvamento semelhante em 1998. Na ocasião ele pulou dentro de um canal nas proximidades do Estádio Lourival Batista (Batistão) para salvar um taxista que sofrera um acidente e estava preso no automóvel. Por esse ato, o então soldado Feitosa foi promovido por “bravura” à graduação de cabo. Segundo o militar, nas duas ocasiões, quando se deparou com o fato, não pensou nos riscos que correria entrando no canal. “Meu único pensamento era retirar as pessoas com vida daquela situação”, disse o graduado. O sargento, porém, não passou ileso pela experiência. Após o socorro das vítimas do acidente, ele começou a sentir um forte formigamento pelo corpo. Achando que necessitava apenas tomar um banho, pois o odor no local era muito forte e estava impregnado na farda, ele se deslocou para a sua residência. O quadro, no entanto, agravou-se e o graduado acabou tendo que ficar internado no Hospital da Polícia Militar, onde foi medicado.“Aparentemente está tudo bem comigo, mas o médico me disse que os reais efeitos nocivos à minha saúde, caso tenham ocorrido, só poderão ser notados com o tempo, pois estive em contato com substâncias e bactérias muito agressivas e algumas delas ficam inertes em nosso organismo por um período e depois eclodem. Esses contratempos, porém não me impedirão de fazer o que eu acho correto. Salvaguardar vidas, essa é a minha missão como policial militar e continuarei a fazê-la, independente dos riscos”, ressaltou Feitosa.

Histórico do Militar

Edmilson dos Santos Feitosa ingressou na Polícia Militar do Estado de Sergipe, em 1992, como soldado. Em 1998 foi promovido por “bravura” à graduação de cabo, após realizar um salvamento dentro de um canal localizado na Avenida Anízio Azevedo. Em 2004 foi promovido novamente, dessa vez por tempo de serviço, ocupando a partir de então a graduação de 3º sargento. Atualmente ele está atuando no Batalhão de Polícia de Choque, onde além do trabalho ostensivo cumpre as funções de instrutor nos cursos realizados na área de operações de choque.

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